sábado, 16 de abril de 2011

Bastardos Inglórios .. Um filme de Quentin Tarantino, preciso dizer algo mais?

Como é habitual na cinematografia do cineasta Quentin Tarantino ele mistura linguagens, épocas e escolas que praticamente desaparecem no fim, tornando-se algo só dele. Dos faroestes (que já haviam inspirado Kill Bill Volume 2) vêm a inspiração para a música e a tensão nos duelos (verbais ou físicos). De John Ford ele empresta a temática da vingança, todo o "Capítulo 1" e um enquadramento arrancado de Rastros de Ódio (The Searchers, 1956). A criação do personagem Aldo Rayne (Brad Pitt) vem de atores como Aldo Ray (1926-1991) e John Wayne (1907-1979).

De um obscuro filme de guerra italiano de 1978 o título do filme. Da nouvelle vague o teor do "Capítulo 3", com a Shosanna de Mélanie Laurent lembrando as personagens dos filmes de Truffaut... a lista de influencias é vasta, clara e inegável, influencias que fazem dele um dos maiores diretores de todos os tempos.

Mas vamos a história o/: o filme começa na França ocupada pelos nazistas, onde Shosanna Dreyfus (Laurent) testemunha a execução de sua família pelas mãos do coronel nazista Hans Landa(Christoph Waltz).

Após uma introdução brilhante com uma intensa conversa entre os personagens de Denis Menochet e Waltz, a jovem consegue escapar e foge para Paris, onde cria uma nova identidade como dona de cinema.

Enquanto isso, também na Europa, o tenente Aldo Raine (Pitt) inferniza ao lado de seu grupo de soldados judeus os nazistas. Conhecido por seus inimigos como Os Bastardos, o esquadrão de Raine se junta à atriz alemã e agente infiltrada Bridget Von Hammersmark (Diane Kruger) em uma missão para derrubar os líderes do Terceiro Reich. E os destinos convergem para o cinema onde Shosanna está planejando a sua própria vingança.

Opinião verme: Inteligente ainda que relativamente simples, a trama investe nos atores e na direção de elenco, essa talvez a  melhor da carreira já consolidada de Tarantino.

Tarantino apanha todas as coisas que lhe são queridas, com as quais cresceu, e as transforma. Ele já fez isso muitas vezes, mas neste busca uma certa organização sutil separando os gêneros que emula através de uma organização em capítulos. São quase todos excelentes, o problema é justamente quando ele deixa escapar uns arroubos pops. Normalmente eles funcionam muito bem, mas aqui em um filme de época, causam estranheza em um ou outro momento. "Cat People (Putting Out Fire)" de David Bowie na Segunda Guerra? 

Não comentei acima, mas Christoph Waltz (foto ao lado) merecia sua própria crítica. O ator austríaco não dá chance a quem quer que divida a cena com ele.

Seu vilão é tão sensacional que Bastardos Inglórios torna-se, sem querer, quase como um filme do Batman, em que são os antagonistas que valem o ingresso. Brad Pitt? Bom, talvez excelente. Competentíssimo, livre de qualquer falha, mas Waltz está simplesmente em outra esfera de talento, algo sensacional, perfeito.

Vemos muitas caricaturas no filme, coisa que Tarantino adora e faz com maestria. É divertida a maneira como conscientemente o diretor reduz personagens aos seus estereótipos conhecidos (o americano caipira e bruto, a francesa blasé, o inglês supere ducado, os nazistas engomadinhos...) para economizar tempo em explicações e construção de personagens. O único com quem ele realmente se preocupa é, de novo, Hans Landa, e isso causou certa polêmica entre a crítica.

Adorar o nazista, mesmo com o tresloucado e historicamente alucinado clímax que o filme oferece, não é algo de fácil digestão mesmo.

Também passível de discussão é a eterna "violência tarantinesca". Uns amam, outros odeiam. Considerando os filmes anteriores do diretor, achei desta vez ela até contida, deixada para poucos momentos de impacto. Mas isso por que não me importo em ver escalpos e tacos de baseball esfacelando cabeças.

O cinema de Tarantino tem mesmo essa propriedade um tanto quando “trash” e “cult”. Ele consegue transformar o "gore" em "cool" dentro de determinados públicos. Mas fica o aviso, há quem tenha criticado duramente a produção por conta disso, gente que considera Tarantino um eterno adolescente fascinado com seus brinquedos. 

Tarantino é mesmo inconsequente, mas enquanto tiver seu público cativo, formado por gente como ele e eu, seguirá em seu mundinho. Eu, pelo menos agradeço e muito.

 

PS: Bastardos Inglórios é para mim o melhor filme de 2010. Nada de Avatar ou Guerra ao Terror (vencedor da estatueta pela academia), Bastardos Inglórios tem de longe a melhor historias, melhor direção e melhor elenco dos 3 citados, mas como não sou eu quem escolho o ganhador do Oscar, me resta aqui indicar além de Bastardos Inglórios  outros clássicos de Quentin Tarantino: Cães de aluguel, Pulp Fiction - Tempo de violência, Sin City - A cidade do pecado, Kill Bill: Volume 1 e 2 são excelentes filmes que lhes darão ideia de quem ser Quentin Jerome Tarantino.

Por Verme: @GuiFabro

Um comentário:

  1. Com certteza Quentin Tarantino é o cara , os filmes dele são fodas! Esse ai então é excelente .

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